Tolerância ou intolerância?

A tolerância e intolerância têm sido tema de diversos debates nos últimos tempos. Mas será que todos sabemos o que significa ser tolerante? E será que aqueles que nos acreditamos tolerantes, realmente somos? Quando buscamos no dicionário, vemos que as definições de tolerância dizem sobre o grau de aceitação diante de um elemento contrário, paciência, estabilidade, constância diante de diferentes formas de ser, pensar e agir.

Mas, se buscarmos uma forma mais objetiva de tolerância, como a de nosso organismo a determinadas substâncias, fica mais fácil entender. Há substâncias que são extremamente venenosas para o nosso corpo, como o arsênico, o cianeto, ou a enzima botulínica, por exemplo. Dependendo do uso, pequenas doses são fatais para o organismo, ou seja, nossa tolerância é muito baixa em relação a esses compostos.

Da mesma forma, há outras substâncias que são benéficas e nos ajudam a crescer e florescer. Ainda há aquelas que, mesmo sendo venenosas, dependendo da forma, da dosagem e do período de ingesta, acabam sendo assimiladas e trazendo benefícios. Da enzima botulínica, por exemplo, é derivado o botox, tão amplamente utilizado para tratamentos estéticos.

Na vida funciona do mesmo modo. Cada um de nós é um ser único, com nossa própria forma de ver o mundo, de viver nossas experiências, de sentir e de nos expressar. Ou seja, cada um de nós é composto por doses diferentes, em uma combinação única, de tudo aquilo que nos faz humanos.

Com algumas pessoas sentimos uma empatia imediata e é simples e fácil conviver. Já as pessoas cujas personalidades e hábitos são muito diferentes dos nossos, nos trazem um certo estranhamento. E é aí que entra a tolerância, a arte de mesclar o nosso composto único com os demais. Se nos abrimos e aceitamos essa mescla, respeitando também a nossa própria composição, ou seja, nosso modo de ser, nossos valores, nossos limites, então é possível fazer uma combinação de sucesso.

Na maior parte das vezes, a interação acaba fazendo bem ao nosso organismo e mesmo as personalidades diferentes das nossas, como no exemplo do botox, acabam sendo benéficas, nos ajudam a rejuvenescer, a nos reinventar. Por outro lado, quando uma das partes não se abre e se nega a dialogar, a se colocar no lugar do outro e compreender sua perspectiva, ela se torna intolerante. Ou seja, vira veneno na relação.

Quem é intolerante tem dificuldade em aceitar a forma única de ser das outras pessoas. Tornam-se pessoas difíceis de conviver, pois querem sempre tudo do seu jeito, não permitindo que os outros sejam como são. E algumas pessoas agem desta forma há tanto tempo que já nem percebem o quão difícil e desagradável é a interação com elas. Outras chegam a até perceber isso em si mesmas, mas nem sempre desejam fazer diferente.

A verdade é que as pessoas intolerantes sempre obtém ganhos secundários, aqueles que às vezes não assumimos nem para nós mesmos, com seu comportamento. Como não costumam ser contrariadas, senão dão piti, emburram, etc, acabam conseguindo aquilo que desejam. Mas se tornam chatas, inconvenientes, manipuladoras e agressivas.

Sabe aquelas crianças birrentas que batem nos amigos e até nos pais, nos professores? Pois é, muitos adultos, embora já fisicamente crescidos, mantém um perfil psicológico infantilizado. E aí, das duas uma: ou elas passam a ser evitadas e isoladas, ou se juntam com aqueles que pensam que são iguais a elas. Mas é só uma questão de tempo até que os conflitos surjam. E o caldo da intolerância entorne novamente.

Quando temos uma pessoa intolerante em nosso meio, precisamos ser assertivos com ela. Pontuar e mostrar as situações em que ela for intolerante, dizer como nos sentimos em relação às atitudes que ela tem. Mas lembre-se bem: não é porque você vai sinalizar que ela vai mudar. Como costumamos dizer, o outro só muda quando entende que é preciso e importante fazer essa mudança. Ou seja, quando ele sente na própria pele a necessidade de se transformar.

E quando a pessoa não muda e a relação está se tornando tóxica? Bom, cabe ressaltar que tolerância é bem diferente de permissividade e que, em doses inadequadas, mesmo que mínimas, algumas substâncias acabam sendo letais. No campo subjetivo, essa é uma avaliação absolutamente pessoal e depende de cada pessoa e circunstância.

Quando isso ocorre, é preciso se perguntar se vale passar por cima de certos valores éticos e morais para seguir com uma relação. Se é realmente o outro que está sendo intolerante e qual é o seu grau de tolerância. Se se coloca no lugar do outro e busca compreendê-lo. Se já fez tudo o que está ao seu alcance para esclarecer e resolver a situação. Ou se fica colocando panos quentes, tentando disfarçar e amenizar o que realmente ocorre.

Essas são perguntas essenciais e que podem nos ajudar a tomar a decisão correta na hora certa. Caso não estejamos conseguindo chegar a um consenso interno com clareza, é imprescindível buscar ajuda. Se não quiser se abrir com um familiar em quem confia ou com um amigo, procure um psicólogo ou outra ajuda especializada.

E quando ocorrem situações de agressão física e ameaças, além da ajuda especializada, a polícia deve ser acionada. Essas situações configuram crimes e devem ser tratadas como tais, independente da relação estabelecida com a outra pessoa. Aceitar esse tipo de situação não é ser tolerante, é falta de autoamor e autorrespeito. E sempre acaba em tragédia!”

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