Muitas pessoas acreditam que bater nas crianças é educativo, já que apanharam dos pais ou responsáveis. Acreditam que não houve danos e que, inclusive, as palmadas ou chineladas foram boas, pois as ajudaram a ser quem são hoje. Na verdade, não há como saber isso, pois não temos a capacidade de prospectar como teria sido a vida de uma pessoa caso não tivesse apanhado.
Atualmente, a ciência, principalmente a neurociência e a psicologia têm comprovado por meio de estudos o quão traumáticas são as experiências de apanhar do pai, da mãe ou dos responsáveis. Pesquisas comprovam que, ao apanhar, são ativadas partes no cérebro infantil similares às de soldados adultos que foram para guerra. Ou seja, a experiência é sempre bastante traumática. Diante de um adulto, uma criança se sente indefesa. Por essa razão, mesmo que sejam “só” umas palmadas ou chineladas de leve, são ações traumáticas.
Agora pense bem: imagine se um gigante chegasse perto de você de forma ameaçadora e te desse umas bofetadas, como você se sentiria? Indefeso, com medo, com raiva. E é exatamente assim que as crianças se sentem quando apanham. Indefesas, injustiçadas – afinal de contas, se ela se comportou de modo inadequado é porque, mesmo que saiba que não se deve agir daquela forma, isso ainda não está totalmente consolidado em sua mente. Ou seja, ela ainda não aprendeu a fazer diferente.
Muitas vezes, os próprios adultos repetem padrões de comportamentos dos pais sem perceber ou, quando percebem, sem questionar se realmente são bons, se ainda são adequados e se há novas visões sobre como agir naquela situação. Isso vale tanto para hábitos alimentares, preferências de cor, time de futebol e, até mesmo, modos de falar, gesticular, de se expressar. Quando menos esperamos, percebemos que estamos agindo como os nossos pais. E com as palmadas e outras “correções”, não é diferente.
Há também os adultos que não se controlam acabam descontando suas frustrações nos filhos. Chegam em casa cansados, irritados, com vontade de não ter que fazer mais nada e se esquecem que as crianças, em especial as pequenas, querem interagir com eles, querem atenção, querem conversar, brincar. E, quando não recebem a atenção que desejam ou são ignoradas, têm reações infantis típicas, como chorar, fazer birra, desobedecer aos pais, se agitar ainda mais.
Por mais que uma criança faça birra, chore ou descumpra alguma instrução, os pais precisam entender que ela é uma criança, que ainda não sabe controlar suas emoções, suas frustrações, que está em fase de aprendizagem e que eles precisam educá-las, com calma, paciência e autocontrole. E, como os exemplos valem mais que mil palavras, os pais que batem nos filhos, acabam dando o exemplo de descontrole e de uso da violência para resolver as questões. O que retroalimenta o círculo vicioso dos hábitos nocivos.
Sabemos que, às vezes, é bem desafiador dar limites aos filhos e discipliná-los. Mas sempre podemos achar formas melhores de educar uma criança, sem escolher atitudes agressivas, sejam elas verbais ou físicas. Se ficar difícil encontrar o equilíbrio para agir dessa forma, os pais devem buscar se acalmar, se tranquilizar para, somente então, dialogar e tratar das limitações que forem adequadas a cada circunstância.
É importante destacar que, não bater, não significa deixar de colocar limites e de corrigir os comportamentos errados das crianças. Elas precisam de limites, sim, precisam entender quando agem de forma inadequada, para aprender a aprimorar seu modo de ser e de agir. Nós não nascemos sabendo, e cabe aos pais educar os filhos. Mas sempre com respeito ao modo único de ser de cada um, com tolerância, paciência e amorosidade.
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