Sexo não é assunto de criança

Pais, responsáveis e profissionais que trabalham com crianças estão percebendo que a tendência à sexualização infantil vem ganhando espaço nas mídias em geral. E o debate tem sido acirrado, com alguns alegando que é estardalhaço, e outros, como nós, vendo o risco real e extremamente danoso à saúde de nossas crianças. É importante entender que esses conteúdos são um profundo desrespeito às crianças, às famílias, aos valores, à ética, à sociedade, causando impactos sérios ao desenvolvimento infantil.

Na maior parte das vezes, por desinformação, os pais acabam deixando que seus filhos tenham contato com imagens, vídeos, músicas e clipes que apresentem conteúdo de cunho sexual. Desde casos supostamente “não intencionais”, quando a criança assiste, por exemplo, a um filme ou novela que tenham cenas de sexo, ou a um clipe mais sensualizado, até os casos mais explícitos, que configuram crime, e nos quais a criança é tratada, retratada ou incitada explicitamente a agir de forma sensual e erotizada. A verdade é que sexo, erotismo, sensualidade e sexualidade não são questões, não são assuntos infantis.

É claro que seus filhos, algum dia, irão lhe perguntar sobre como os bebês são feitos, a diferença entre os órgãos genitais de uma menina e de um menino, e por aí vai. Mas isso não significa que tenham comportamento sexualizado. Criança é criança, e a elas cabe indagar, descobrir, se aventurar e se expressar. Aos pais, cabe respeitá-las, acolhê-las em suas especificidades, em seu modo único de ser, cabe zelar pela imagem de seus filhos e filhas, por sua integridade física e moral, sem expô-las, e cuidar de seu desenvolvimento, do que veem, leem, brincam.

O acesso à conteúdos de sexualidade em novelas, filmes, exposições e internet, entre outros meios, está cada vez mais fácil, trazendo para a criança que interage com esse tipo de informação questões que não são próprias dessa fase do desenvolvimento. Aparentemente inofensivo, o contato com esse tipo de conteúdo, ainda que não seja frequente, pode causar confusão mental e trazer distúrbios compulsivos e de ansiedade, stress, tensão, desenvolvimento de medos. Isso acontece porque suas mentes infantis ainda não estão preparadas para processar este tipo de informação.

É como dar feijoada a um bebê, cujo organismo obviamente não está pronto para digeri-la. Quando você deixa seu filho ou filha ter contato com conteúdos de sexualidade, acontece a mesma coisa: a mente delas ainda não está pronta, amadurecida, para lidar com esse tipo de informação. Seria como tentar ensinar cálculo antes da tabuada.

A influência que tais conteúdos gera nas mentes infantis pode, muitas vezes, passar desapercebida, pois suas consequências nem sempre são imediatamente visíveis ou mensuráveis. Mas não se engane, esse tipo de conteúdo é uma violência brutal contra as crianças.

O desenvolvimento cognitivo, psicológico e emotivo do ser humano é gradual e deve ser respeitado. Muitas vezes, na ânsia de que os filhos sejam desenvolvidos e maduros, de que sejam perfeitos, alguns pais acabam estimulando conversas sobre sexualidade em casa. Outra desculpa comum é dizer que a criança quis saber a respeito, que ela demandou.

Antes de mais nada é bom a gente sempre ter em mente que as crianças fazem perguntas, sobre esses e outros temas, em busca de orientação e esclarecimento. E que, na hora de responder, os pais devem ter discernimento sobre de que forma irão se comunicar. Primeiramente, pergunte a ela onde ela ouviu sobre esse assunto. Explique o que ela deseja saber de forma adequada ao nível de compreensão de uma criança, jamais da forma como explicaria a um adolescente ou adulto. Busque uma explicação mais biológica, por exemplo.

Opte pelas respostas verdadeiras, claras, objetivas e pontuais, que estejam de acordo com a maturidade e a curiosidade expressadas pela criança. A falta de informação ou as inverdades (vindas de dentro ou de fora de casa) acabam por inibir a busca de conhecimento saudável. Se não souber responder à pergunta imediatamente, tudo bem. Diga que precisa pensar um pouco para que possa explicar da melhor forma possível. Busque auxílio se precisar, converse com outros pais, com seus próprios pais, psicólogos, mas sempre responda, não a deixe sem resposta!

Mas isto não significa que devemos responder a elas absolutamente tudo! A informação em excesso pode “bagunçar” a cabeça da criança. É importante estar atento para identificar aquilo que ela realmente quer saber. Caso ela se interesse mais pelo assunto, ou não tenha compreendido a explicação, não se preocupe, ela fará uma nova pergunta na sequência ou em outra ocasião.

O desenvolvimento de uma criança é um processo delicado, que deve ser conduzido pelos pais com todo carinho, cuidado e dedicação. Fornecer informações antes da idade adequada é uma violência ao ritmo de crescimento infantil e, certamente, não passará em branco. Por isso, em um mundo que se tornou quase obcecado pela sensualidade e sexualidade, é essencial proteger as crianças de informações que são prejudiciais para uma formação saudável e equilibrada.


Fazendo Seu Mundo Melhor
11 Anos de Resultados Extraordinários! Transformando Vidas!

Deixar uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.