Você já se perguntou se é egoísta? Em geral, a nossa tendência é não nos reconhecermos como tal. Tendemos a ver o egoísmo de forma rasa, vinculado a questões aparentemente banais como se a criança quer ou não emprestar o brinquedo, ou se você está disposto ou não a dividir a barra de chocolate com os familiares. Mas o egoísmo é um comportamento bem complexo, que pode trazer consequências sérias não só para a própria pessoa, mas para todos que estão à sua volta.
Isso, porque o egoísta só enxerga a si próprio, seus desejos, as necessidades que acha que tem, ou seja, ele se acha o centro do mundo, melhor, do universo. E, por essa razão, essa conduta tão nociva se expressa em todos os âmbitos da vida da pessoa, nas relações interpessoais, no trabalho, no convívio em sociedade, seja na fila do banco, no trânsito.
Quer um exemplo? A pessoa está na faixa mais à esquerda e se lembra que precisa entrar na próxima à direita. Aí, sem se importar se vai ou não prejudicar o trânsito, embica o carro e vai entrando, parando o fluxo e, em muitos casos, se sente no direito até de reclamar e xingar os outros. Um caso comum de egoísmo, mas que nem sempre é percebido como tal.
Quer outro exemplo? Uma pessoa ciumenta é um típico egoísta. Seja a criancinha que tem ciúmes dos irmãos e que quer os pais só para si, seja aquele amigo que sempre reclama quando você liga para outros amigos, seja o companheiro ou companheira que se sente no direito de achar ruim porque você teve uma conversa mais longa ou saiu com os amigos, amigas. Não estamos falando de infidelidade, mas ela também é uma demonstração de egoísmo.
A competição no trabalho também é um exemplo de egoísmo. Muitas vezes, você pode nem estar pensando em colaborar naquele trabalho específico, mas basta o outro colega ser chamado para fazer, que você logo se infla. E articula da forma que for possível para conseguir participar também. Pode ser falando mal do colega, tendo uma conversa fechada com o chefe para mostrar que você é mais qualificado, seja tramando e agindo de forma oculta contra a outra pessoa.
Viu, o alcance e os estragos que podem ser causados pelo egoísmo? Isso sem contar aqueles egoístas contumazes que acham que tudo está a seu dispor e que as outras pessoas, as instituições ou o que quer que seja não são senão obstáculos ou alavancas para conseguirem aquilo que desejam. São essas pessoas que, ao lidar com bens e valores públicos ou privados, por exemplo, acreditam que estão a seu dispor, utilizando-as para o próprio usufruto ao invés de contribuir para o bem comum. Nem precisamos falar no alcance dos estragos que resultam desse tipo de conduta, né?
Ah, e tem ainda as pessoas controladoras, que desejam que tudo seja do jeito que elas querem que seja. O próprio fluxo da vida, a opinião e a vontade dos outros, as leis, simplesmente não têm a menor importância para elas. Nós fizemos um texto sobre esse tema e você pode vê-lo clicando aqui. Tem também aquelas que até conseguem ir um pouco além de si e se preocupar com os familiares e amigos mais próximos, mas desde que isso não atrapalhe sua vida ou seus planos.
Bom, como você já deve ter percebido, nem sempre é fácil reconhecer o egoísmo. E são muitas as justificativas utilizadas para disfarçá-lo. Se você passa na frente do outro na fila, é porque estava com pressa e não tinha como esperar. Se sente ciúmes é porque o outro não te dá atenção. Se boicota o colega no trabalho, é por ser mais qualificado para desempenhar a função, mesmo que o chefe discorde, ou porque precisa muito daquela promoção.
Enfim, o que não faltam são as desculpas para justificar esse comportamento distorcido. Mas, ainda que sejam ilusórias e sem pé nem cabeça, nós acreditamos nelas. Na verdade, o que muitos não querem enxergar é que parece mais fácil acreditar nessas supostas “mentirinhas” do que reconhecer o próprio egoísmo. Porque neste caso, das duas uma: ou você aceita e assume para si e para os demais que é realmente egoísta, e arca com as consequências disso, ou entende que precisa mudar e se transforma.
A grande ironia é que as pessoas que optam por permanecer no egoísmo, ainda que reconheçam ou não que estão agindo assim, ao quererem tudo para si e do seu jeito, acabam se isolando e ficando sozinhas. Afinal de contas, ninguém gosta de estar próximo de quem não sabe compartilhar e aceitar o modo de ser das outras pessoas. Por isso é tão importante percebermos onde estamos sendo egoístas e se estamos contribuindo com o egoísmo alheio.
Satisfazer os desejos de um egoísta, seja porque dá trabalho pontuar, seja porque ele é assim mesmo e não adianta falar, é compactuar com esse tipo de atitude. E você pode acabar permitindo que te desrespeite. Em se tratando de crianças é ainda pior. Fazer vista grossa ao egoísmo infantil é permitir que cresçam com um comportamento distorcido e que, sem dúvidas, trará problemas e sofrimento mais adiante, para elas mesmas e para os demais. Melhor ensiná-las desde cedo a ser mais generosas e cooperativas. No final, todos agradecem!
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