Muitas vezes, quando ouvem falar em suicídio, os pais tendem a pensar que isso nunca irá ocorrer com seus filhos. Mas, como temos dito neste mês de prevenção a esse grande mal, nem sempre é assim. O surgimento de pensamentos e comportamentos suicidas é, muitas vezes, silencioso, e nem sempre o pai e a mãe percebem o que está ocorrendo.
E por que essa tendência ocorre na adolescência? Todos têm seus problemas e desafios na vida. Os adolescentes, porém, vivem seus conflitos com uma intensidade bem maior do que os adultos. Eles ainda não têm experiência de vida, então, na maior parte das vezes, não sabem relativizar a importância do que ocorre com eles e do que sentem a esse respeito. Por isso, sentimentos de rejeição, de coração partido, por exemplo, tomam uma proporção muito grande na mente deles.
Nas relações românticas, por exemplo. Eles tendem a acreditar que o namorado ou a namorada podem ser o amor da vida deles, que não haverá outros, e um rompimento pode desencadear sofrimentos profundos. Os relacionamentos com amigos também tomam uma dimensão maior e, como consequência, um sentimento de rejeição no círculo de amizades se transforma em algo gigantesco para eles.
Se não tiram boas notas, e o desempenho escolar é outro fator muito importante nessa fase, podem achar que não vão conseguir ser profissionais bons o suficiente. E se os irmãos tiverem bons resultados e os pais forem muito competentes, esse medo pode virar uma pressão que, para eles, chega a ser insustentável. Além disso, ainda podem ter medo de ser repreendidos pelo pai, pela mãe ou pelos professores e coordenadores na escola, e não ver saída diante de algumas destas situações.
A verdade é que, nessa idade, tudo isso pode abalar a autoestima e autoconfiança dos adolescentes. Isso ocorre porque essa é uma fase de intensa transformação, não só do corpo físico, mas da forma de pensar, de agir, de se relacionar. Muitos pais relatam e sentem uma grande mudança nos filhos ao chegarem à adolescência. Para alguns, é quase como se não reconhecessem mais a criança que foram um dia.
Ao chegar à adolescência o corpo passa por intensas transformações: o cérebro sofre mudanças estruturais, que fazem com que surjam novas conexões, enquanto outras simplesmente são desfeitas, e há uma reorganização das que permanecem. Os hormônios também desempenham um papel importante nessa fase, trazendo alterações mentais e emocionais, psicológicas e, por isso mesmo, sociais.
E lidar com tantas e tão profundas mudanças, para quem ainda não está assim muito acostumado a elas, com pouco tempo e experiência de vida, é muito impactante. Daí a necessidade de um olhar constante e atento dos pais. A adolescência é uma fase que demanda tantos cuidados quanto a infância, talvez até mais, só que de uma natureza diferente.
Gostou do nosso texto até aqui? No próximo sábado vamos publicar a continuação dele, para você entender um pouco melhor o que se passa na mente e no corpo dos seus filhos adolescentes e, deste modo, poder ajudá-los a viver essa fase de forma mais equilibrada.
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