Flexibilidade com crianças e adolescentes durante o isolamento social – continuação

Todos percebemos que esta realidade pode estar longe de ser alterada e, pelo menos por enquanto, é preciso se adaptar. Cada família tem sua forma de ver a questão. Há aqueles pais que autorizam os filhos a voltarem para as aulas presenciais, quando disponíveis. Outros não vislumbram essa situação, e escolhem manter seus filhos nas aulas on-line. Há, ainda, aqueles pais que não têm escolha, já que a rede pública de ensino segue sem aulas presenciais.

Diante de tudo isso, é preciso lançar um alerta: por mais que os pais zelem pelos estudos dos filhos, o momento pede uma maior flexibilização. Eles precisam ficar muitas horas na frente do computador, celular ou tablet. É cansativo e leva à dispersão. Inclusive as crianças e adolescentes que sempre se dedicaram muito às aulas, com notas boas, estão sentindo o peso das aulas não presenciais.

A sensação que eles têm é de que estudam o dia todo. Não há mais aquela divisão entre sair de casa, ir para a escola e para outros locais. Ao fazer tudo em casa, parece que o estudo não tem fim, já que as aulas acabam e, depois, há tarefas escolares para fazer. Por outro lado, não existe o contraponto das demais atividades interativas, do futebol, balé, etc. Ou seja, os momentos de estudo ganham uma dimensão bem maior.

E não adianta argumentar que o desânimo com as aulas é por falta de vontade de estudar, já que eles passam horas na frente do computador jogando ou assistindo vídeos. Não há comparação entre os conteúdos de entretenimento, e os das aulas. O apelo é completamente diferente. Basta você se perguntar se prefere assistir a um filme ou à uma aula on-line.

Temos observado crianças com crises de ansiedade, desenvolvendo tiques nervosos, distúrbios do sono, com mais irritação, choro e isolando-se cada vez mais. E isso também está ocorrendo com os adolescentes. Acreditem, não é simplesmente manha, birra ou má vontade. Eles estão sofrendo com toda essa situação. E, pior do que ver um filho sofrer, é ignorar e menosprezar o que ele está sentindo, não o apoiando da forma adequada. 

A flexibilização dos pais passa por diminuir a cobrança para que tenham notas excelentes, por exemplo. E por entender que este momento é diferente de qualquer outro, e que os filhos estão em desenvolvimento, aprendendo a lidar com suas frustrações, com os desafios da vida. Que eles não têm os recursos internos necessários para lidar de forma equilibrada com essas mudanças.

A observação do comportamento dos filhos é essencial, sempre. E, neste momento em que estamos constantemente em isolamento social, é fundamental para garantir a saúde mental dos filhos. Uma verdadeira questão de sobrevivência! Observar se estão se isolando mais do que normalmente faziam, se estão apresentando comportamentos mais irritadiços, se vem demonstrando tristezas.

Por isso, aconselhamos fortemente a não achar que os filhos estão exagerando. Não estão. Está difícil para eles. As crianças e adolescentes sentem tudo intensamente. Não há meio termo, eles estão em formação, sentem tudo de uma forma mais intensa e não sabem ou conseguem se controlar. Por essa razão, os índices de depressão e suicídio entre crianças e adolescentes têm aumentado assustadoramente neste período de isolamento social.

Então, é preciso redobrar a atenção e a observação e, caso seja necessário, buscar ajuda especializada, de um psicólogo, por exemplo. É importante também introduzir atividades diferentes, como aprender violão, fazer aula de canto ou quaisquer outras, que sejam mais lúdicas, esportivas, artísticas, e que estejam ao alcance de cada família.

Mas antes de tudo isso, é preciso buscar ao máximo tornar o convívio familiar mais leve, com menos cobrança e com mais compreensão. Afinal de contas, nós somos os adultos e temos o dever de dar o nosso melhor para os filhos. E a flexibilização dos pais ainda passa por serem mais receptivos e acolhedores, oferecerem mais apoio, compreensão e por buscarem conversar mais.

Sabemos que é desafiador. Mas estamos vendo uma geração inteira sofrer com o isolamento social e cabe a nós, adultos, auxiliá-los. Se estivermos enfrentando dificuldade, podemos buscar um profissional que possa nos guiar. Nos ajudar para que possamos ajudá-los!

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