Aprendendo a lidar com a frustração

Quem nunca se sentiu frustrado na vida? Em um mundo dominado pelo marketing e pela oferta contínua de bens, produtos e serviços tão chamativos, torna-se difícil não se sentir assim. Sempre há algo que não temos e que gostaríamos de ter. Mas, ainda que a frustração seja uma velha conhecida, boa parte das pessoas tende a fugir desse sentimento, buscando satisfação imediata dos seus desejos ou remediando-os de alguma forma.

E percebe-se isso nas mínimas coisas do dia a dia. Pode ser com qualquer compra, mesmo que a pessoa tenha ou não recursos financeiros suficientes, o que, também pode levar à compra de uma réplica ou miniatura mais barata. E se, ainda assim não der, vale comprar qualquer coisa, sem a qual você não pode ficar, que supostamente vai saciar o seu desejo, e que será devidamente estocado dentro dos armários até o fim dos tempos…

Também entram nesta lista os relacionamentos fugazes, aqueles que servem apenas para satisfazer um apetite momentâneo. Ou, até mesmo, aquelas pequenas recompensas que as pessoas se dão, com a desculpa de que merecem, de que trabalharam duro, de que não podem esperar, como um docinho, uma cervejinha, ou qualquer outra coisinha a mais.

Na contramão de tudo isso, a grande verdade é que faz parte da vida ter que esperar por algo. O Natal e o Ano Novo, por exemplo, não têm como serem antecipados. O verão também não. Nosso aniversário, o nascimento de um filho, o processo de amadurecimento de uma criança até se tornar um adolescente e, depois, um adulto.

E essa espera é saudável, natural, pois faz parte dos ciclos da vida. Já percebeu que, na natureza, tudo tem seu tempo? Além disso, a paciência de saber esperar nos traz uma expectativa boa, como uma criança que fica olhando o ovo de Páscoa ou o presente embaixo da árvore, esperando o momento certo para abrir.

E a vivência dessas situações que nos leva a aprender e entender que tudo na vida tem seu tempo, e que tudo bem ser assim!!! Esse tipo de frustração é uma forma de aprendermos a esperar, a valorizar, a lidar melhor com a vida, com as pessoas e consigo. É uma forma de entender que não temos e nunca teremos controle de tudo, e que isso é bom.

Por outro lado, a falta de resistência à frustração traz dificuldades em várias áreas da vida: afetiva, social, profissional, financeira, da saúde. Infelizmente, estamos cada vez menos treinados e acostumados a lidar com a frustração. E isso é muito grave.

Nossas crianças e adolescentes apresentam, a cada dia, menor resistência à frustração, sofrendo se não têm o brinquedo, o jogo eletrônico, ou uma relação afetiva, no caso dos adolescentes mais velhos. Eles sofrem como se estivessem sendo privados de algo que fosse deles por direito, como se suas vontades fossem soberanas e tivessem que ser atendidas.

Para alguns pais, ver o filho frustrado traz ou aumenta o sentimento de culpa, de impotência. Em outros, o comportamento insistente das crianças e adolescentes gera muita impaciência, fazendo com que cedam às demandas dos filhos para evitar conflitos e serem deixados em paz. Ambas as situações mostram, acima de tudo, que os próprios pais não sabem lidar com a frustração.

Mas há também aqueles pais, eles próprios mais maduros, que aprenderam a controlar as exigências dos filhos. Eles sabem que o comando da família é deles, que dar limites é uma de suas responsabilidades, não importando que gerem birras, emburramentos e caras feias. Ainda assim, dizem o não quando é preciso, pelo bem de seus filhos. Esses pais entendem que saber lidar com a frustração é uma das habilidades mais valiosas em nossas vidas, um verdadeiro tesouro.

Experimentos realizados pelo psicólogo Walter Mischel, no final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970, comprovam essa percepção. Ele selecionou um grupo de crianças a quem eram dadas duas escolhas: receber imediatamente uma pequena recompensa (algumas vezes um marshmallow ou outra guloseima) ou receber duas recompensas, se esperassem por cerca de 15 minutos, até o retorno do pesquisador.

Os resultados da pesquisa, que acompanhou o desenvolvimento posterior dessas crianças, é surpreendente. Aquelas que escolheram os dois doces e aguardaram o retorno do pesquisador, de modo geral, se tornaram adolescentes com habilidades mais desenvolvidas. Eles tiveram melhor desempenho escolar e capacidade de compartilhar e interagir. Além disso, é claro, demonstraram maior resistência à frustração, apresentando menos probabilidade para desenvolver transtornos de conduta.

Já na idade adulta, esse grupo mostrou-se menos impulsivo e propenso a ter problemas com drogas. Também foram aqueles com maior índice de relacionamentos estáveis e menor chance de desenvolver obesidade, dentre outros fatores.

Ou seja, a pesquisa deixou claro que aprender a lidar com a frustração desde a infância é um fator que contribuiu para o equilíbrio durante toda a vida. É ou não é um verdadeiro tesouro? E você, já parou para pensar como lida com a frustração?


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