Os riscos da publicidade para crianças

“a plataforma coleta, de forma ilegal, dados de seus filhos e de outras 5 milhões de crianças em seu país.

Em setembro, o caso de um pai que está processando o Youtube na Inglaterra, ganhou notoriedade por aqui, quando algumas reportagens abordaram o tema. Duncan McCann alega que a plataforma coleta, de forma ilegal, dados de seus filhos e de outras 5 milhões de crianças em seu país.

No ano passado, em uma ação similar, nos Estados Unidos, o Youtube foi multado em US$170 milhões pela coleta indevida de dados do público infantil. O cálculo da multa foi feito com base nos lucros gerados por anúncios e ofertas que são direcionados para as crianças a partir dos dados obtidos.

Aqui no Brasil, a publicidade destinada a crianças é um tema ainda controverso. Em 2014, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, o CONANDA, proibiu a veiculação de anúncios de TV voltados para o público infantil, além de estabelecer regras sobre como devem ser feitas propagandas dirigidas a crianças.

Segundo o CONANDA, a proibição foi estabelecida para proteção das crianças, em razão dos danos que a publicidade traz para elas. Desde então, estas regras têm sido adotadas embora, muitas vezes, o ambiente digital, seja internet, jogos eletrônicos, ou redes sociais, passe ao largo delas.

É importante destacar que a publicidade pode realmente causar danos às crianças. A infância é uma fase de intensa aprendizagem, quando os alicerces da pessoa são construídos, as bases da personalidade, dos comportamentos, dos valores. E, justamente por estarem em fase de desenvolvimento, as crianças são mais suscetíveis a sugestões, tanto de gosto, quanto de comportamentos.

Quando elas assistem a uma publicidade, não têm filtros ou critérios para julgar o que está sendo dito. Suas mentes são ainda jovens e inexperientes, e irão aceitar como regra tudo o que veem. Se uma propaganda diz que ela precisa de determinado brinquedo, roupa, livro, ela aceitará isso como verdade.

Além disso, as crianças são muito imaginativas e os propagandistas sabem mexer com esse imaginário. Vinculam a alegria, o bem-estar e o pertencimento social a ter um produto, a viver uma determinada situação ou, até mesmo, a se comportar de uma forma específica, condicionando e limitando a mente infantil.

Na verdade, tudo aquilo que elas consomem em termos de informação, seja publicidade, jogos, séries, desenhos, irá fortalecer os padrões mentais, que irão acompanhá-las na adolescência e na vida adulta. Por isso, é tão importante a classificação e a regulação de conteúdos para o público infantil.

À medida que as crianças passam cada vez mais tempo diante da TV, na internet e no celular, a regulação torna-se mais urgente. Um estudo da AppGuardian estima que, em média, crianças entre 5 e 15 anos passam 5,7 horas no celular, sendo 6,9 horas no fim de semana.

Em 2020, com a pandemia, o isolamento social e a adoção do estudo à distância, é muito provável que esse tempo tenha aumentado. Muitas crianças e adolescentes têm aproveitado as aulas on-line para, simultaneamente, jogar com os amigos ou assistir a vídeos, desenhos e séries. Todos eles cheios de anúncios, veiculados a partir dos dados coletados pelas plataformas.

Assim, é preciso que pais estejam atentos ao que seus filhos consomem e que, cada vez mais, sejam tomadas medidas para regular e classificar os dados obtidos e os conteúdos destinados a esse público.

A infância é uma fase extremamente importante, tão especial, em que a base do ser humano está sendo formada. Essa fase de desenvolvimento requer, acima de tudo, respeito à individualidade de cada um, e não a persuasão daqueles que, de formas pouco transparentes e insidiosas, desejam moldar hábitos, comportamentos e mentes.


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